“Um azul para Marte” - Desafio: “Vamos levar um pouco de azul aos marcianos?” Em articulação com o lema da escola

02-05-2024

E se o azul do mar estiver mais para o preto? Com tanta sujidade que hoje existe, não seria de admirar. Com tantos petroleiros que só no canal da mancha passam de 10 em 10 minutos, ou a atividade piscatória com a técnica do arrasto que destrói o habitat de milhares de espécies marinhas, ou, outro exemplo, as ilhas de plástico com dimensões iguais às de ilhas onde habitam de facto seres humanos.

Mas qual a verdadeira relevância disto? Se o azul cerúlio que nos foi dado para voar está hoje mais para os tons que os marcianos conseguem ver de que me adiantaria levar-lhes uma nesga de céu? Para verem um céu cinza escuro cheio de nuvens de fumo que os pulmões deles (se eles os tiverem, que foi de facto uma pergunta que poderia ter feito e não fiz) não aguentariam. Este céu que cada vez faz menos o seu papel, ao invés de nos proteger do sol e da chuva, aquece demasiado e o fogo vermelho vivo ganha poder e escurece o que, outrora, já foi verde, ou arrefece tanto que a água enche e destrói tudo o que alguém construiu e conquistou com tanta luta. Mas este céu, este fumo que os destruiria a eles assim como nos destrói a nós, este foi criado por mim, por ti e por todos nós, sociedade consumista que alimenta uma indústria sem peso e medida onde tudo o que conta é quanto tens no bolso.

De que realmente adianta terem-nos oferecido de bandeja «um azul cobalto para a felicidade» se não o sabemos estimar? Quando nos dá jeito é cor de rosa ou até laranja, porque não lilás ou amarelo ou até castanho, porque hoje em dia a inclusão e um olhar aberto são características que nos definem, mas, de facto, são? Ou tentamos parecer que assim é, porque era assim que deveria de ser? Somos uma sociedade com os valores trocados onde cada um tem a sua vida e temos de aceitar, porque se defendemos a igualdade de género e somos feministas, há logo alguém a perguntar porque é que não vamos nós para as obras, o cinzento com certeza lá não faltaria! Mas se dizemos, por outro lado, que preferimos estar em casa e cuidar do lar e das crianças, oh meu deus onde parou esta mulher de evoluir, sustentada pelo marido, espera só que a traição virá.

Temos tantas cores, mas escolhemos sempre os tons mais escuros para colorir tanto a nossa vida como o mundo.

Porque não damos nós valor ao azul? Os marcianos iam gostar. 

Escola Secundária de Camões
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