Caros marcianos

Caros Marcianos,

Escrevo-vos para falar de algo que é tanto uma visão quanto um sentimento, um elemento tão ligado à vida terrestre que a sua simples menção evoca uma tapeçaria de imagens e emoções, o azul. O azul, no entanto, não é apenas uma cor entre muitas, é um símbolo de profunda paz e infinita expansão, presente tanto nos vastos céus que nos cobrem quanto nas profundas águas que nos cercam.

O azul é a cor da calma e da clareza. No nosso planeta, ele aparece com a promessa da manhã no céu límpido e na superfície tranquila do mar. Quando olhamos para o alto, é no azul que os nossos olhos descansam, e é no azul que os nossos espíritos se elevam, buscando conforto na sua constância e infinitude.

Mas o azul também é melancolia. Em dias de chuva, quando o céu se veste de um azul escuro, quase cinzento, sentimos a sua presença como uma suave tristeza, ou um convite à introspeção. Tal como vós, marcianos, que contemplam o branco e o preto em todas as suas tonalidades, também nós encontramos no azul um leque de sensações que nos guia através das complexidades da vida.

E é com prazer que vos introduzo à riqueza do azul. Imaginem um tom que pode mudar com a luz, que pode fluir e ondular, rico e misterioso como as profundezas do oceano, ou claro e luminoso como um glaciar sob o sol do meio-dia. O azul ensina-nos coisas como a mudança e adaptação, ou a beleza da diversidade.

Ao compartilhar o azul com vocês, compartilho mais do que uma cor, compartilho uma parte essencial da alma humana. Ele carrega a esperança e a serenidade, a vastidão de nossos sonhos e a profundidade das nossas tristezas. Talvez, ao conhecerem o azul, vejam um pouco do que é ser humano, da luta constante entre a alegria e a melancolia, entre o céu e o mar.

Com esta cor, espero dar-vos não apenas a visão de uma Terra que para vós é distante, mas também a sensação do nosso mundo. Que o azul possa ser para vocês, como é para nós, uma fonte de infinita inspiração e contemplação profunda.

Adelino Lima