Vamos levar um pouco de azul aos marcianos?

03-05-2024

    Estava uma família a discutir, numa noite escura de inverno, no planeta Terra, o que fazer com a sua cadela de estimação? Eles queriam viajar para o estrangeiro, de modo a verem o mercado de Natal e não tinham com quem deixar o animal.

Experimentaram algumas ideias, como pedir a amigos e familiares para tomarem conta da cadela, também experimentaram pedir a algumas associações de animais para cuidarem dela temporariamente. Mas todas as propostas foram rejeitadas. E ficaram sem solução.

Já passava da meia noite e o pai da família pegou na cadela e levou-a no carro até ao pinhal e deixou-a completamente sozinha, numa noite de chuva.

Estava a trovejar e a cadela tinha cada vez mais frio, o seu pelo estava molhado e o seu corpo tremia. A temperatura estava abaixo de zero graus e, de repente, sentiu um bafo quente vindo direto ao seu corpo. Ficou admirada e olhou para ver o que era aquele calor. Viu uma luz branca e um ruído estranho.

A cadela avançou para ver do que se passava e viu um objeto voador em formato de estrela, este era de cor preta. Ela ficou com medo, mas por estar tão triste e sozinha decidiu avançar para ver se a ajudavam a voltar para casa, pois não entendia o que tinha acontecido com os seus donos.

Foi nesse momento que viu um ser branco com bolinhas pretas, antenas na cabeça, três olhos gigantes, boca redonda, sem nariz. Pensou ser um dálmata, mas logo de seguida viu que não era da sua espécie.

A cadela estava com medo, mas decidiu tentar falar com o ser para pedir ajuda para voltar para casa. Ao aproximar-se deu um latido e foi-lhe respondido no mesmo "idioma". O ser tinha algo dentro dele que conseguia interpretar todas as falas e automaticamente responder na mesma "língua". Estavam a conversar e ambos tinham um sonho: a cadela queria voltar para casa e o ser queria ter o dom de ver mais para além do que via, pois só conseguia ver branco e preto, os seus olhos não permitiam ver mais que isso.

Apesar de não conseguir ver além do preto e branco, o ser tinha o dom de perceber tudo, ter visões do passado e futuro, e por isso, percebeu o que tinha acontecido à cadela e que esta tinha o nome Bianca. O ser ficou muito triste pela atitude humana e decidiu ajudar a cadela. Para começar, apresentou-se, disse que vinha do planeta Marte e contou a sua história. Era um marciano importante, com a profissão de astronauta em Marte e foi escolhido para uma missão no planeta Terra de modo a que os Marcianos conseguissem obter algo diferente nas suas vidas. O motivo da missão deve-se ao facto de os marcianos estarem cansados de ver apenas as cores preto e branco e tinham esperança de haver mais cores noutros planetas, então mandaram o astronauta ir buscar algo colorido à Terra para as suas vidas.

Este teria de trazer algo vindo da Terra para mudar a vida da população em Marte. Ele estava muito inseguro e não sabia o que fazer. Teve vergonha de admitir que não era capaz de fazer aquela missão perante os marcianos, pois teve medo de perder a sua profissão e ser discriminado e gozado pelos outros da sua espécie.

Aí a Bianca decidiu também ajudar o ser. Pensou em várias alternativas e lembrou-se do peixe que a sua família tinha em casa. Ele estava preso num aquário e a sua cor era azul. O peixe tinha o nome "Barbatanas" e era muito infeliz porque estava sozinho dentro de uma redoma de vidro.

Esta ideia iria ajudá-los mutuamente, pois a Bianca iria voltar para casa, o extraterrestre iria ter algo para mostrar no seu planeta e o Barbatanas iria ser livre e feliz, pois o ser prometeu que não iria permitir que fizessem mal ao peixe.

O marciano concordou com o plano, embora achasse que não era a melhor ideia, porque no fundo sabia que a Bianca tinha sido abandonada pela família.

Mas, mesmo assim, caminharam até casa dos donos da cadela e ao chegarem lá viram que a casa estava sem ninguém, pois a família tinha partido para férias.

Entraram em casa, foram até ao aquário do Barbatanas e libertaram-no. Ao tirarem-no do aquário ele ficou sem conseguir respirar. Aí perceberam que ele precisava de água para viver. E voltaram a pô-lo na redoma de vidro. Mas o extra terreste decidiu levá-lo na mesma para poder explicar coisas sobre o planeta Terra. Apesar de ter decidido levar o Barbatanas com ele, não tinha o dom de ver que o peixe era azul.

Todas as personagens estavam desiludidas com algo que lhes faltava, então decidiram pedir um desejo. Fecharam os olhos e pensaram no que mais desejavam: a Bianca ter uma família que a amasse, o peixe ser livre e o extraterrestre ter o dom de ver mais que o preto e branco.

Nesse exato momento passou um cometa e algo brilhante bateu na janela da divisão da casa onde estavam. Apesar de parecer um milagre, algo impossível de acontecer, típico de outro mundo, este resultou. Os donos da Bianca abriram a porta e entraram em casa a chorar com saudades desta. E ficaram muito felizes, pensando que ela tinha descoberto o caminho até casa sozinha. O peixe começou a respirar fora de água. Como o extraterrestre não queria ser visto, fugiu com o Barbatanas nas suas mãos.

O ser voltou para o seu objeto voador, com o peixe que naquele momento o extraterrestre já conseguia ver que era azul. Então, ambos foram em direção de Marte.

Ao chegarem a Marte os marcianos ficaram loucos ao verem um peixe, pois nunca tinham visto um, mas não conseguiam perceber o que era o azul. Então o marciano astronauta, que já conseguia ver as cores, graças ao seu desejo, explicou que era uma cor calma, que havia várias tonalidades de azul: desde o mais claro ao mais escuro. Que este era a cor do bem, do céu e do mar, que faziam da Terra "O Planeta Azul".

Ao mencionar a palavra "mar", o astronauta desbloqueou algo, parecia que todos os marcianos estavam hipnotizados para verem apenas o preto e o branco e naquele momento começaram a ver mais cores.

Antigamente em Marte, um ser maligno de Vénus, fez uma maldição aos Marcianos, desde então, estes só conseguiam ver o preto e o branco. A intenção era tornar as suas vidas tristes e escuras. A palavra secreta era "mar", esta poderia quebrar o feitiço.

Naquele momento, todos os marcianos conseguiram perceber o que era o azul e ficaram muito felizes ao conseguirem ver o que os rodeava de outra forma, mais colorida e menos escura. Então, para celebrarem a alegria que estavam a sentir, fizeram uma festa dedicada ao astronauta, ao Barbatanas e à Bianca, que naquele momento estava a receber carinhos dos donos. Nesse dia passou a ser feriado em Marte.

Joana Silva

Escola Secundária de Camões
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